top of page

Os dois lados de ser um cientista

 

Saiba o que alguns cientistas brasileiros pensam sobre os aspectos positivos e negativos da ciência no Brasil. Com o que eles se surpreenderam positivamente? O que os decepcionou? Eles eram bons alunos? E muitas outras informações sobre o que eles pensavam antes de trabalhar com pesquisa e o que pensam hoje.

As células-tronco não são o milagre que a mídia passa!

 

 

É necessário haver muita pesquisa para que o potencial de uso das células-tronco seja comprovado e para que sejam estabelecidos seus protocolos de aplicação.

O cinema e a televisão trazem personagens em seus enredos que definem a imagem do cientista a partir de diferentes estereótipos. 

 

Muitos desses personagens podem marcar a infância das crianças e até mesmo influenciar de alguma maneira em suas escolhas profissionais, seja pela admiração do personagem ou pela fantasia de realizar experimentos e trabalhar em ambientes semelhantes a aqueles das telinhas.

 

No entanto, após ingressar na faculdade ou começar a exercer alguma função profissional em laboratatórios e afins, essa imagem é desconstruída. Beakman, Tíbio, Perônio, Flink, Dexter, Pink, Cérebro e outros são substituídos por um cientista mais real. Alguém que precisa de muito estudo e não necessariamente nasceu com uma grande genialidade, que comete diversos erros, mas não costuma botar fogo no laboratório nem fazer chover comida. Que aprimora suas habilidades treinando e passando por momentos de dificuldade e pedindo suporte dos colegas de trabalho. Que depende de investimento e muitas vezes não consegue terminar seu trabalho dentro do prazo por problemas com o maquinário e falta de reagentes e que comemora quando obtem resultados, mesmo que eles não sejam tão extraordinários assim.

 

Apesar disso, outros aspectos superam as expectativas desses profissionais e até mesmo a imagem do Brasil e da pesquisa feita pelo nosso país muda quando estamos inseridos nesse contexto. 

 

Conversando com profissionais do Instituto Carlos Chagas, fizemos um levantamento das principais mudanças nas concepções da função de um cientista antes e depois de trabalhar em laboratórios de pesquisa.

Divulgação científica

 

Além de realizar descobertas que contribuam com a ciência, os pesquisadores também gostariam de contribuir para o entendimento da população acerca das células-tronco. Pois muitas das descobertas realizadas nas pesquisas científicas ficam restritas a comunidade acadêmica, sendo divulgadas em revistas e eventos científicos com linguagem técnica e acesso restrito.

 

Segundo eles, as informações mais relevantes para a sociedade chegam a ser divulgadas pela mídia comum, mas muitas vezes – na tentativa de simplificar as ideias e atingir a maior parte da sociedade – os jornalistas acabando não mantendo a fidelidade das informações ou tornando-as tendenciosas ou de caráter apenas especulativo.

 

Para integrantes da equipe, mesmo a difusão das informações sendo rápida – através da internet e da mídia televisiva - a sociedade apropria-se do conhecimento científico obtido em laboratório apenas quando este torna-se parte do currículo escolar. Levando no mínimo dez anos para as descobertas se tornarem conteúdos escolares.

 

 

O que gostariam de divulgar?

 

Dentre os entrevistados todos já tiveram experiência como professores, mas alguns relatam não sentir-se a vontade nessa função, enquanto outros preferem ministrar cursos de pequena duração e ainda outros tem isso como meta de vida.

 

Dessa maneira, mesmo não sendo professores e as vezes tendo dúvidas a respeito da linguagem correta a ser utilizada para divulgar a informação aos alunos e a sociedade de mode geral, estes pesquisadores gostariam que as pessoas soubessem alguns itens sobre as células-tronco que listamos nos balões abaixo.

 

A vida escolar e a profissão

 

Desde personagens da TV, como o Doutor Albieri da novela o Clone, até o pai e o irmão biólogos, muitas foram as influências para que os entrevistados se tornassem pesquisadores. A maioria deles não estudou sobre as células-tronco em seus colégios de ensino fundamental e médio (apenas dois viram de maneira superficial este conteúdo), mas a vontade de descobrir o novo, aliada a curiosidade desses pesquisadores, os aproximou das células-tronco.

 

Enquanto alunos, alguns da equipe tiveram professores desmotivados e estudaram em colégio que não incentivavam a pesquisa, não tinham laboratório, nem visavam a divulgação científica. Outros, tiveram professores apaixonados pela biologia que contribuíram para a escolha dessa profissão.

 

Para a maioria, o colégio é onde a busca pelo conhecimento começa a surgir, sendo no ensino médio um momento ideal para despertar vocações. Apesar disso, dentre os entrevistados há quem, ainda hoje,  não consiga reconhecer de maneira mais direta a importância do colégio em sua vida profissional e seus trabalhos acadêmicos.

 

Sem exceção, todos os entrevistados se diziam bons alunos, no entanto alguns pertenciam ao grupinho dos bagunceiros e outros dos quietinhos.

 

Independente do perfil que tinham como alunos, todos tornaram-se pesquisadores por sentirem-se motivados a buscar conhecimentos que possam contruibuir para a sociedade com algo significativo e que possa ser aplicado na área da saúde e no aumento da qualidade de vida das pessoas.


Hoje, todos estão satisfeitos com seu trabalho, mas - assim como profissionais de outras áreas - conseguem apontar os aspectos negativos que os preocupam. 

 

Os mais jovens da equipe consideram seu futuro profissional um pouco incerto. Enquanto alguns dos mais antigos, sentem estabilidade, mas recriminam a tensão que a busca constante por fomento e o acúmulo de funções trazem.

 

Além disso, do ponto de vista desta equipe, o Brasil está avançando na pesquisa científica com células-tronco, havendo equipes de pesquisa com reconhecimento internacional. Mas ainda há muito o que melhorar, principalmente em relação aos investimentos e aproveitamento de verbas, bem como valorização e reconhecimento da pesquisa.

 

sobre ser cientista no Brasil?

Apesar do transplante de medula óssea ser uma forma de utilização terapêutica das células-tronco, a utilização destas para outros fins ainda está restrita a estudos clínicos, com finalidades experimentais, como, por exemplo, em testes para o tratamento de infartos.

 

 

É possível fazer ciência de qualidade no Brasil! Mas ainda precisamos diminuir a burocracia, aumentar os investimentos e a valorização da pesquisa.

bottom of page